Cortejo de Iemanjá aguarda alvará para celebração na orla de Lagoa Santa

Evento com 16 terreiros ainda não tem autorização oficial da Prefeitura; organizadores denunciam falta de apoio e cobram respeito à diversidade religiosa

Faltando poucos dias para o tradicional Cortejo de Iemanjá, marcado para o próximo dia 2 de agosto na orla da Lagoa Central, a realização do evento ainda depende da liberação de alvará por parte da Prefeitura de Lagoa Santa. O impasse tem gerado preocupação entre os organizadores e levantado debates sobre o tratamento dado às religiões de matriz africana no município.

Evento reúne 16 casas religiosas
A celebração está sendo organizada por 16 terreiros de Lagoa Santa e região. O encontro prevê cortejo religioso, apresentações culturais e shows com as bandas Samba do Lajedo e Afoxé Ilê Odara, entre 19h e 22h, na Praça do Piquenique, também conhecida como Praça do Marinheiro.

Pedidos negados e incerteza
Segundo o sacerdote Pai Erlon Câmara, do Templo Cabana Caboclo Pedra Branca, três pedidos de alvará foram negados até o momento. Mesmo com ajustes solicitados pela administração municipal, a nova solicitação segue sem resposta definitiva.

“Pedimos o mínimo: autorização para uso do espaço público. Não tivemos retorno claro, e o apoio institucional foi praticamente inexistente”, afirma o líder religioso.
Tradição, fé e resistência
O cortejo, além de uma manifestação de fé, carrega uma forte carga simbólica de resistência e afirmação cultural. Iemanjá é uma das orixás mais celebradas nas religiões afro-brasileiras como a Umbanda e o Candomblé, sincretizada no Brasil com figuras do catolicismo como Nossa Senhora dos Navegantes.

“Esse momento é sobre reverenciar a ancestralidade e afirmar que estamos presentes. É um resgate das nossas tradições e da história que nos foi tirada”, diz Pai Erlon.

Ato simbólico nas margens da lagoa
No último dia 23, cerca de 30 membros do templo realizaram um ensaio simbólico ao pôr do sol na orla da lagoa, vestindo branco e portando flores, espelhos e búzios em homenagem à Rainha das Águas. O gesto foi uma prévia do que o evento pretende expressar: beleza, fé, cultura e identidade.

Sobre Iemanjá
Origem: Orixá africana ligada ao mar, à maternidade e à fertilidade.
Nome: Deriva de Yèyé omo ejá — “mãe cujos filhos são peixes”.
Culto no Brasil: Sincretizada com Nossa Senhora. Celebrada em 2 de fevereiro e também em outras datas regionais.
Símbolos: Conchas, espelhos, pentes, flores e água do mar.

Mitos mais conhecidos:

. Mãe de vários orixás
. Casamento com Orunmilá
. Transformação em rio e mar
. Disputa simbólica com Oxum
. Protetora dos pescadores
. Sincretismo com a Virgem Maria
. Deusa bela e vaidosa que gosta de oferendas

Serviço
Cortejo de Iemanjá
📅 Data: 2 de agosto (sábado)
🕒 Horário: A partir das 15h
📍 Local: Orla da Lagoa Central – Praça do Piquenique / Marinheiro
🎶 Shows: Samba do Lajedo e Afoxé Ilê Odara (das 19h às 22h)
📱 Instagram: @cabanacaboclopedrabranca